O herói brasileiro sem caráter existe de verdade. E aos montes. No Acre, Roraima, Amazônia, Pará, etc. No passado, antes da chegada dos europeus, os autóctones do Brasil estavam entre 5 e 6 milhões de habitantes, distribuídos em mais de mil povos. Depois de massacrados, submetidos à escravidão e às epidemias, ditas “doenças de branco”, a população diminuíra para pouco mais de 100.000 indivíduos em 1950. Hoje em dia, são 227 povos, e sua população está em torno de 300 mil índios. Estima-se que cerca de 12 tribos desapareceram por mês, só no decorrer do século XX, o que, sem dúvida, se trata de genocídio. Alertado por organizações não governamentais e pela comunidade internacional, o governo brasileiro tratou afinal de oferecer melhores condições às suas populações indígenas. Foram criadas reservas, a FUNAI, orgão que estabelece e executa a política indigenista no Brasil, o estatuto do índio, de 1973, e as leis da Constituição de 1988, que asseguram seus direitos, muitas vezes maiores que os nossos. Tudo certo até aí, apesar do massacre do passado. Mas não é bem o que acontece. A realidade dos dias de hoje é inconcebível. Os índios se venderam para estrangeiros, que adentram nas matas da Amazônia Legal. Em várias reservas indígenas, só entram pessoas autorizadas. Americanos, ingleses, franceses. Em muitas reservas, nem a FUNAI tem autorização para entrar. Várias aldeias falam, alem de sua própria língua, inglês e francês, mas não falam português. A comunicação com os orgãos brasileiros é nula. Mas seus direitos estão assegurados, óbvio. Os índios vendem a floresta de suas reservas para os madeireiros, que degradam o meio ambiente. 20% da floresta amazônica já desapareceu. O narcotráfico tem rotas no meio da selva. Não existe fiscalização entre as fronteiras. A Colômbia mantém rotas com a Venezuela e as Guianas passando pelo Brasil. Os índios contribuem com o transporte da droga e do armamento pesado. Muitos estrangeiros procuram na Amazônia ouro, diamante e outras pedras preciosas, além minérios e petróleo. Os índios os ajudam a procurar e deixam os mesmos entrarem em suas reservas para explorarem. Os índios vendem a fauna e flora por preço de banana para os gringos. Na flora, descobertas para uso farmacêutico, cosmético, químico e alimentar são catalogadas pelos estrangeiros e os produtos derivados da flora brasileira são patenteados. No exterior, of course! O contrabando de animais é o maior vilão da nossa fauna. Varias espécies são ameaçadas de extinção por causa do contrabando. E o IBAMA nada faz, ou faz muito pouco. A pecuária e o plantio de soja tomam conta das áreas que antes eram floresta nativa. Madeireiras derrubam as árvores, queimam o que resta e logo após os grileiros tomam posse das terras no Mato Grosso, Pará e Rondônia. Realmente, como dizia Mário de Andrade, “o brasileiro não tem caráter porque não possui nem civilização própria nem consciência tradicional”. O povo brasileiro ainda não percebeu que os índios são capitalistas como nós. E vivem no mesmo mundo globalizado. Onde o dinheiro é mais importante que a cultura, os costumes, a família e a nossa terra. A Amazônia está à venda. Levará quem pagar mais. Por enquanto, quem está levando é o mundo globalizado. E assistimos a tudo de boca fechada.