Era natal. Jantar em família, para manter a tradição da festividade. Poucos, mas bons parentes à mesa, saboreando comidas “engordativas” e bebericando com moderação. A felicidade pairava no ar, trazendo momentos de paz e harmonia, como se o espírito das mensagens dos cartões de natal tomassem vida em todos os lares. Há quem não goste do natal. Quem ache que é puro capitalismo. Quem ache que tudo é uma farsa. Quem ache que perdeu o real sentido. Mas o certo é que o espírito natalino adentrou nos corações de todos aquela mesa. Felicidade, amor, saúde, prosperidade, paz. E sem frescura, porém com muita, mas muita serenidade, com todos muito à vontade, o tempo foi passando. E a conversa e risadas foram se estendendo, como não poderia deixar de ser. Lá pelas tantas, minha mãe, uma cozinheira de mão cheia, começou a conversas com minha tia avó, a boleira da família, sobre as receitas que tinha feito naquela ocasião. Convenhamos, era um papo de surdo e mudo. Desculpem a gozação, mas era exatamente isto. Minha tia avó é um pouco surda e seu aparelho de audição estava com um pequeno defeito. Um “prato cheio” para quem gosta de tirar sarro. Eis que minha mãe comenta que aprendeu a fazer brownies, aqueles bolinhos de chocolate comumente deliciados nos EUA. Bom, na verdade, Brownie é um duende de pele amarronzada, típico do folclore inglês, que faz serviços domésticos em troca de comida, mas esta é uma outra historia. Voltando, eis minha tia avó vira e diz: “Bráulio? O que é bráulio mesmo? Acho que eu nunca comi bráulio!”. Alguns coraram o rosto. Mas a maioria não agüentou e soltou uma longa e alta risada. Não tinha como segurar. O menino Jesus que me perdoe, mas foi hilário! Sem entender, ela continuava a perguntar o que era o tal do “bráulio”. E minha mãe, numa tentativa frustrada de explicar, não se conteve e caiu na risada. “O que é bráulio mesmo?”. Todos riam muito. Eu só ouvia meu pai dizendo “Pára tia, o que é isso! Você não se lembra?”. Que diversão! Gozação à parte, este é o verdadeiro espírito de natal. Família e risada. A perfeita combinação!
Roberto Mac Intyer Simões
31/12/2007