quinta-feira, setembro 18, 2008

O PAREDÃO



O paredão antigamente era uma espécie de estaleiro, à jusante da usina hidrelétrica de Ilha Solteira, utilizado pela CESP provavelmente para descarga de materiais e para manutenção de embarcações, na época da construção da usina, quando o Rio Paraná foi desviado de seu curso. Após a construção, quando o rio voltou ao seu curso normal, o estaleiro ficou em um nível muito mais alto que as águas do grande rio, formando um “paredão” em suas margens. Algo em torno de 12 metros de altura, dependendo do nível do rio. Alguns tinham medo de pular. Mas a altura não me assustava, apesar de que muita gente tinha medo. Na verdade, o maior problema estava na diferença entre pular de um trampolim em uma piscina olímpica e pular em um rio de uma plataforma. Principalmente quando as comportas da hidrelétrica estavam abertas. A correnteza puxava com força, dificultando a volta até a margem. Já vi muita gente conseguir sair do rio algumas centenas de metros rio abaixo. Mas eu nadava bem. Adorava pular do paredão. A adrenalina subia a mil. Sempre! Eu costumava nadar até um píer, que ficava alguns metros rio acima, escalava por uma corda e, após vários minutos contemplando a paisagem lá de cima, pulava como um biguá buscando alimento no rio. Pulava também “de ponta” do paredão, fato que nunca vi alguém fazer. Dar o famoso “mortal” era mais comum, mas a pessoa mergulhava sempre em pé, não de cabeça. Que loucura! Mas a adrenalina era deliciosa. O por do sol então, magnífico! Sem contar que fiquei famoso na faculdade pelo fato. Era até engraçado. Todo final de semana a galera ia para lá se divertir. Se refrescar, confraternizar, tocar violão, andar de bike, beber. Cada um se divertia a sua maneira. Mas o fato é que, depois de vários anos, voltei ao paredão para encará-lo novamente. O “disgramado” insistiu em me amedrontar, depois de incontáveis pulos. Após tanto receio e incontáveis minutos, eu pulei na imensidão. O mais demorado de todos os pulos. Pareceu-me uma eternidade. O coração foi a mil. Os segundos ficaram mais longos. O paredão ficou mais alto. E me despedi do querido paredão com o seguinte pensamento: “Pular daqui é uma loucura. Onde estava eu com a cabeça quando vinha aqui todo final de semana? Nunca mais faço isso!” Depois de um tempo, percebi que a minha vida tem mais sentido agora. Não sei ao certo o que buscava naquele lugar, mas me sentia livre. Sentia minha vida numa corda bamba. O limiar entre a vida e a morte. A adrenalina não era à toa. E foi assim que me despedi. Adeus paredão! Foi bom enquanto durou!



Saca só a minininha q pirada! http://www.youtube.com/watch?v=qspWmRdQ15s











Um comentário:

Renato Vargas Simoes disse...

Esse paredao e uma coisa que fica na mente, nao e? Sem ter estado la pude sentir sua forca magnetica e sensorial. Tema alguma coisa muito mistica. Senti isso. Que coisa, nao?